Um dos mitos que se constrói à volta dos escritores é que
precisam de uma musa inspiradora ( ou algo equivalente) e que não planeiam o
livro. Sentam-se ao computador e num rasgo de genialidade sai-lhes a prosa na
ponta dos dedos. Nada mais falso. Haverá quem o faça, mas até Umberto Eco
planeava durante anos as suas obras (amadurecendo ideias, pesquisando) para que
tivessem o resultado que todos conhecemos. Uma das autoras estrangeiras dentro
do género do romance, que mais aprecio – Lesley Pearse- faz investigação nos
locais onde se passam as suas histórias. No caso do romance “ Segue o coração,
não olhes para trás” uma saga histórica passada no séc. XVIII no trilho do
Oregon, fez a mesma viagem que os pioneiros, mas de carro. No meu caso pessoal,
aproveito ideias de estórias de vida que conheço e sítios ou países que já
visitei. Foi o caso de “ Brincos de Princesa”. Todos os cenários do Dubai foram
visitados por mim. No caso do romance que estou a trabalhar agora e que trata
de um assunto delicado nas relações (vírus do papiloma) entre casais, o cenário
é a França ( sul), zona que conheço muito bem.
Deixando de lado os exemplos de autores, vamos falar um
pouco da Sinopse. A sinopse é o esquema de trabalho para escrever o livro,
baseado na narrativa da intriga. Poucas histórias seguirão o enredo em sequência
cronológica. Com o propósito de criar suspense e prender o leitor e até gerar
uma certa confusão, algumas partes terão que ser escamoteadas, sugeridas e
deslindadas apenas no momento da conclusão, embora o leitor já adivinhe o
final. A sinopse pode fazer-se de uma forma mais vaga ou mais detalhada. A escolha
do método é pessoal e depende do escritor.
Pessoalmente uso a forma mais detalhada (fruto da minha aprendizagem)
em que depois de pensado o tema, escolho personagens, local do cenário e pontos
conflituais a desenvolver.
Ter um esquema que possa seguir em que pondere as seguintes
questões relativamente ao livro que pretende escrever. No meu caso, o romance,
começo por aqui:
·
O que quero (mote)
·
Para quê? (motivação)
·
Mas? (o conflito) – todos os romances têm um
conflito interno ou externo por base.
·
Ganha ou perde? (conclusão) – o personagem ganha
e vence o conflito, ou não.
Depois
é pegar em papel ou computador, pessoalmente faço em papel, e construir todo o
enredo, por capítulo e tópicos dentro dos capítulos.
Um
hábito que adoptei desde há algum tempo é transportar sempre comigo um pequeno
bloco A5 em que vou tirando apontamentos sobre as ideias que me vão surgindo ao
longo do dia. A memória a curto prazo dura pouco e, se não apontar uma ideia fantástica
sobre o que está a escrever (ou para futuro romance) depressa ela se esvai. O escritor
está sempre a pensar, faz parte da sua organização mental, laboriosa. Escrevemos
mentalmente durante grande parte do dia. Depois, quando nos sentamos ao
computador é para compor o que pensamos e planeamos durante algum tempo.
Para
os escritores iniciantes planear é fundamental. Outro aspecto (senão o mais importante)
são os erros. Nada mais desagradável que ler um livro cheio de erros. Os autores
independentes ( autores indie) que como eu, publicam por conta e risco, deverão
ter muita atenção a esse aspecto. Socorram-se de amigos, grupos de leitores e
escritores como o Widbook ou o Wattpad (embora corram o risco de ver as vossas
obras surripiadas e plagiadas) e contem com a opinião sincera dos leitores
dessas plataformas. É uma boa forma de saber se o livro vai ter aceitação ou
não.
Mãos
à obra e força nesse pensamento!
Como dizia Agatha Cristie " A MELHOR MANEIRA DE PLANEAR UM LIVRO É ENQUANTO SE LAVA A LOIÇA", ou seja, aproveitar todos os momentos para pensar.
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