Egipto 2016

O blogue LIVROS DE ROMANCE, também viaja com a sua autora. Aqui fica a modéstia reportagem.
 Este ano a família decidiu visitar o Egipto. Os nossos amigos e familiares, ficaram horrorizados ( talvez esteja a exagerar) com a nossa escolha. Uns diziam "vocês são loucos!", outros perguntavam " não têm medo ?", e nós respondíamos que não, nem uma coisa, nem outra. Estamos de boa saúde mental e não temos medo. É mais perigoso ir à nossa querida França. 
Viajar para um país africano, muçulmano na sua maioria, e onde já há registos de atentados terroristas, tem sempre a sua dose de "loucura",
mas, depois de muito investigarmos e colher opiniões de outros viajantes, decidimos que era o momento certo.  

Porquê? Porque as viagens estavam muito baratas. Desde 2011 o turismo no Egipto caiu para níveis baixíssimos. As agências recebiam cerca de trezentos turistas por dia e passaram a receber  cerca de trinta por semana. Infelizmente para o país, porque vive do turismo. No entanto  consideramos que era seguro.
E, outra das vantagens de ir agora, é que não tínhamos que disputar as visitas ao monumentos com milhares de pessoas. Assim foi. Se repararem em algumas fotos, quase não há pessoas, o que possibilitou, a quem gosta de fotografia ( como nós gostamos), tirar fotos sem "emplastros" à frente. Estou a brincar. Quando entramos no barco em Luxor estavam apenas 17 pessoas e umas tres deviam ser guias. Não conto a tripulação, como é óbvio. Deu pena, porque todos nos pediam para dizermos às pessoas na Europa que era seguro. E é, sem qualquer tipo de favor.
O percurso foi escolhido por nós, e começamos a nossa aventura no Cairo, com visita às pirâmides e aí, começou a nossa primeira surpresa. O "ataque dos vendedores". Num pais onde tudo se vendia aos turistas e agora nada se vende, passou a perseguir literalmente o potencial comprador na pessoa do turista. One dollar, one dollar! 
Ou compramos ( um dolar transforma-se em dez rapidamente), ou somos resistentes o suficiente para resistir sem culpa e dizer sempre que não, de preferência em árabe (la, la). As Lojas tem todas um ar de quem já viu melhores dias.
O Cairo é uma cidade incrível, no bom e no mau sentido. Incrível porque tem séculos de história mesmo ali ao lado, e também porque parece viver, ainda, na época medieval. Parece, não digo que viva. Muito lixo nas ruas, muita pobreza, e contrastes de zonas pobres - onde o tijolo descascado impera - e zonas ricas, como a ilha de Giza, onde os carros são luxuosos e as casas também. A noite do Cairo rico acontece ali. Fomos lá ver como era e ficamos impressionados.
O choque cultural, podia ser arrasador se não tivesse conhecido outras culturas, inclusive outros países árabes/muçulmanos ( Dubai, Marrocos e Turquia). As mulheres tapam-se todas, algumas mulheres casadas, usam a cara tapada, e é constrangedor vê-las a comer por debaixo de um pano preto, que lhes cobre a cara. Mas como nem todas se cobrem totalmente, parece-me que, pelo menos ali, é uma escolha, que eu respeito, obviamente. No entanto, nós, mulheres ocidentais, somos, para elas, uma espécie de "macaquinhos de circo", pois a toda a hora me pediam para tirar fotos comigo. Numa zona de praia onde estivemos uns dias, Deparámos com mulheres e homens vestidos dentro de água, quer na piscina, quer na praia. Como os únicos estrangeiros éramos nós, foi complicado vestir um fato de banho sem que as mulheres não se rissem de nós, e os homens não nos perseguissem com os telemóveis em punho para nos fotografarem. Era desconfortável mas não passava disso.

 Por outro lado descobri um povo simpático, e, em momento algum me senti agredida por ser ocidental e não me vestir como eles.
Este senhor encostado à carroça, riu-se quando se apercebeu que o ia fotografar e até fez uma pose.
No baixo Egipto, descobrimos o rio Nilo, a bordo de um barco, durante uma semana.  Um deslumbre para os sentidos. A vida ao longo do rio é fascinante. Pesca, agricultura, lazer e diversão, tudo este povo faz nas margens do seu rio. Aliás, sem rio não existia país. Os noventa milhões de pessoas que vivem no Egipto organizam-se em torno das margens do rio. Só no Cairo, vivem 24 milhões de pessoas, daí ser uma cidade poluída, caótica e com um transito infernal, onde não se respeitam regras de transito, e existem apenas 4 semáforos.
Quatro semáforos que não servem para nada.
 A Esfinge, solitária, debaixo de um calor tórrido, guarda as pirâmides ao longe.
 Num país com temperaturas a rondar os 50 graus de verão, os hábitos são de ficar à sombra a fumar xixa, ou a dormir a sesta.
O sol nasce às cinco da manhã e às 8 é impossível andar na rua sem se proteger. Em Luxor, no sul, as temperaturas são agrestes, só se consegue suportar consumindo litros de água e debaixo de um bom chapéu de sol.
 Um dos muitos aspecto românticos do rio. Falucas - barcos tradicionais à vela - emprestando beleza ao que já é belo.

Um barqueiro Núbio. Os Núbios são uma etnia que vive na zona de Assuão, e que se mantém até aos dias de hoje, sem se miscijenar com outros povos. Casam entre eles, mesmo sendo familiares. São escuros, tem feições europeias e olhos azuis ou verdes. Lindos!
 Por do sol visto do barco. Todos os dias um espectáculo obrigatório. O som do chamamento do Iman para a oração acompanhava o movimento do barco durante pelo menos meia hora. Ao longo do rio e das cidades vislumbram-se múltiplos minaretes, símbolos das mesquitas.
 As gentes e as cidades. Nas margens do Nilo, as cidades são ainda mais conservadoras que no Cairo. Mulheres com a cara tapada e homens de djelaba são uma constante.
 Casa Núbia, nas margens do Nilo.
 Como em todas as nossas viagens, travamos sempre amizade com alguém. Desta vez conhecemos dois amigos brasileiros, de Florianópolis, que viajavam juntos. O Rodrigo e o Chris foram uma boa companhia. Gente boa e de bom gosto. Um dia vamos encontrar-nos de certeza.
 Imagens do povoado Núbio, visto dos telhados. O azul e o branco, misturados, são fantásticos.
 Aspectos da vida quotidiana no vale de Luxor.
 Centro da cidade do Cairo. A espera pelo transporte.
O Cairo - aliás todo o Egipto) não tem uma rede de transportes públicos.
Condutores privados, em carrinhas "pão de forma" mantidas ao longo dos anos, porque os carros tem preços proibitivos, apesar de o combustível ser muito barato, fazem essa função. São aos milhares, as carrinhas brancas que fazem o transporte de milhares de pessoas para os locais de trabalho no dia a dia.
 O Cairo visto do avião. Deserto, Rio, e construções inacabadas.
As pirâmides, mesmo à beira da cidade. A cidade e o deserto fazem fronteira, emprestando à cidade super poluída, nuvens de pó a sujar os edifícios e dando um ar alaranjado ao céu.
 Cada um faz a pintura que quer. Numa cidade castanha de pó, manchas de cor dão-lhe contraste e alguma beleza.
 Telhados castanhos a perder de vista. Quilómetros e quilómetros de paisagem de tijolo.
 Mais do mesmo. Tijolo e cor. Obras inacabadas.
 Museu do Cairo. Entrada. Em época de pouco turismo, quase nem há fila para entrar.

Lá dentro do museu, descobrimos séculos de história antiga, que os franceses tiveram o cuidado de deixar aos egípcios quando fizeram as escavações dos túmulos.
O museu do Cairo vai passar dentro de três anos para um edifício gigantesco - em construção - mesmo nas imediações das grandes pirâmides. Lamentavelmente a meu ver, porque o edifício construído pelos franceses, no século passado, é lindíssimo.

Caixa gigantesca ( no total são três) onde estavam guardados os tesouros do faraó Tutankámon. Todo o seu tesouro é possível de ser fotografado, à excepção da máscara e das jóias.
A múmia do faraó encontra-se no túmulo no Vale dos Reis em Luxor. O túmulo não tem visitas, está fechado. Todos os outros, são de uma riqueza em pinturas que demonstram bem a preocupação que este povo antigo tinha com a morte e a vida. Não é permitido fotografar as pinturas dos túmulos para evitar que as cores se esbatam com a luz dos flaches. 
 Trono do faraó que morreu aos dezoito anos. Um tesouro guardado no museu do Cairo.
Padaria na rua, no Cairo.
 Mesquita de alabastro, dentro da Cidadela de Saladino.

 Interior da Mesquita de Alabastro.
 Vista da cidade, do alto da Mesquita de Alabastro. Castanho de tijolo a perder de vista. Ao fundo vêem-se as pirâmides escondidas entre o calor e a poluição.
 Centro do Cairo. Pasmem! Lixo por todo o lado.
 Vista da cidade.
 Igreja copta onde a sagrada família se escondeu durante 3 anos.
Pirâmides ao fundo.
 Transportes "públicos" do Cairo.










Fazendo o balanço desta viagem, valeu a pena, muito mesmo. É seguro, o povo é simpático e os contrastes apesar de serem "estranhos" para um ocidental habituado à ordem e lei, não deixam de ser curiosos. Claro que há muitos factores que contribuem para o estado do país : politica, religião, geografia etc, etc...mas essa reflexão não cabe aqui. Fomos como viajantes e gostamos.
 Ah! Trouxe uma ideia para um livro. Uma história de Amor que me foi soprada por um guia - e eu, atenta- peguei no meu caderninho e apontei a ideia. Em breve vou começar a escrevê-la.
Se quiserem informações sobre a agência ou outros aspectos, contactem-me por email.


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